BELAS MALDIÇÕES

A série “Good Omens” (Belas Maldições) é uma produção original da Amazon, concorrente da Netflix, baseada no livro homônimo de Terry Pratchett e Neil Gaiman, publicado em 1990 no Reino Unido. A história é apocalíptica: um anjo chamado Aziraphale e um demônio chamado Crowley decidem unir forças para impedir o Armagedom e o fim do mundo.

O que torna a narrativa fascinante é que esses dois seres se conhecem desde o Éden, tendo presenciado a queda da humanidade com Adão e Eva. Eles também estiveram presentes em momentos históricos, como as guerras medievais e a Revolução Francesa. Aziraphale trabalha para o céu e Crowley para o inferno, mas ambos se apegam aos prazeres da vida: Aziraphale ama sua livraria e a boa comida; Crowley aprecia música, seu carro e o conforto terrestre. Mesmo pertencendo a lados opostos, a atração pelo mundo os une em um objetivo comum: evitar que o Anticristo e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse iniciem a batalha final.

Essa história, ao mesmo tempo engraçada e confusa, leva a uma reflexão prática: até mesmo seres espirituais, cientes da transitoriedade da vida na Terra, se acostumaram e se apegaram a este mundo. Assim como Aziraphale e Crowley, muitos cristãos têm receio do arrebatamento e da consumação dos séculos, mantendo o coração ligado aos prazeres terrenos.

O saudoso Dave Hunt relatou uma história emblemática: um pastor perguntou à congregação quem desejava ir para o céu. Todos levantaram as mãos, exceto um jovem. Ao ser questionado, ele respondeu:

“Claro que quero ir para o céu!”

O pastor então perguntou:

“Então por que não levantou a mão?”

E o jovem disse:

“Pensei que a pergunta fosse sobre quem queria ir para o céu agora.”

Isso revela o quanto nos apegamos às coisas temporais, muitas vezes temendo a consumação dos séculos.

A Bíblia, porém, nos ensina a amar a vinda de Cristo e a esperar pelo arrebatamento com alegria. Em Romanos 8.19-26, aprendemos que toda a criação anseia pela manifestação do Filho de Deus, e nós, filhos da luz, devemos aguardar com esperança a transformação de nosso corpo corruptível em incorruptibilidade (1Co 15.53).

No céu, estaremos livres de dor e morte. Não haverá mais lágrimas, nem pranto, nem clamor (Ap 21.4). Encontraremos os amigos que, em Cristo, se tornaram irmãos e viveremos na luz eterna, sem necessidade de sol ou lua, pois a glória de Deus iluminará a Santa Cidade (Ap 22.5). Jesus nos lembra:

“Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Ap 22.7).

A segunda vinda de Cristo e o arrebatamento não são motivos para medo, mas para consolo e esperança. Paulo, em 1Ts 4.13-18, descreve que seremos transformados num piscar de olhos e levados pelo Espírito Santo para encontrar nosso Salvador. O versículo 18 nos exorta:

“Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.”

O mundo oferece muitas coisas, até lícitas, mas nem todas são convenientes. Não podemos trocar uma eternidade de alegria pelos prazeres passageiros do mundo. Devemos viver com temor de sermos deixados para trás e afirmar com fé:

“Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!” (1Co 16.22)



Este texto foi publicado originalmente em juliocelestino.com em 31 de março de 2020

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