CONVÉM CONSUMIR?
Muitas pessoas têm dúvidas se é pecado consumir alimentos oferecidos aos ídolos. Alguns utilizam Romanos 14.14 como base para defender essa prática, texto que diz: “Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, a não ser para aquele que a considera impura; para esse é impura”. No entanto, ao meu ver, existem problemas claros em consumir alimentos que foram oferecidos a ídolos.
Entendo que não é saudável participar desse tipo de prática por pelo menos duas razões. Primeiramente, os doces e alimentos oferecidos funcionam como um atrativo, um verdadeiro “cartão de visita” da idolatria, especialmente para crianças. Em segundo lugar, ao adquirir, consumir e ainda ensinar a outros irmãos que não há problema nisso, acaba-se contribuindo, ainda que indiretamente, para a manutenção e divulgação da idolatria que está por trás da prática, funcionando quase como uma forma de marketing religioso.
Além disso, o apóstolo Paulo deixa claro que existe uma diferença entre não saber a procedência do alimento e saber. Se não houver conhecimento de que aquele alimento foi oferecido a ídolos, não há problema algum. Contudo, se a origem for conhecida, o mais prudente é buscar outra opção. Isso fica evidente em 1 Coríntios 10.27-28, quando Paulo diz: “E, se algum dos infiéis vos convidar e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque do Senhor é a terra e a sua plenitude”.
Ainda que o texto não trate especificamente de doces distribuídos em determinadas práticas religiosas, há um princípio claro ali. Se eu consumir algo sem saber que foi oferecido a ídolos, não há culpa. Porém, sendo cristão e tendo conhecimento de que aquele alimento foi consagrado em um contexto idólatra, devo me abster, justamente por causa da consciência. Isso inclui também orientar outros irmãos, pois a omissão, quando se conhece a verdade, também se torna pecado.
Soa estranho imaginar pais da igreja tentando economizar dinheiro e anunciando aos familiares que determinado centro espírita está distribuindo doces para as crianças, incentivando todos a irem buscá-los. Se tenho condições de comprar alimento, por que recorrer a algo que está diretamente ligado a uma prática idólatra? Muito menos faria sentido ensinar meus filhos que podem participar disso sem qualquer problema.
A Escritura é clara quando afirma em 1 Coríntios 10.14: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”. No mesmo capítulo, nos versículos 18 a 20, Paulo declara: “Considerai Israel segundo a carne: os que comem dos sacrifícios não são, porventura, participantes do altar? Que digo, pois? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o que se sacrifica ao ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, sacrificam-nas aos demônios e não a Deus; e não quero que sejais participantes com os demônios”.
Em Apocalipse 2.14, o próprio Jesus aponta como pecado o ato de comer dos sacrifícios da idolatria. Evidentemente, se um crente estiver em situação de necessidade extrema e não tiver o que comer, o mal que estava na intenção de quem ofereceu o alimento não lhe trará condenação, pois Deus conhece todas as coisas e sabe da condição do faminto. Contudo, se posso me alimentar longe da idolatria, por que buscaria alimento justamente nela?
Este texto foi publicado originalmente em juliocelestino.com em 8 de setembro de 2015

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