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  • A TRISTE ALEGRIA DE PECAR

    “Nada é errado se te faz feliz”

    Algumas páginas da internet atribuem a autoria dessa frase ao ilustre Bob Marley, que no passado protagonizou uma carreira artística de enorme sucesso. O fato é que a alegria proveniente do pecado realmente existe e é prazerosa para a carne; porém, seu resultado desastroso é tão certo quanto aquela ressaca que desperta com você pela manhã dizendo: “é hora de trabalhar.”

    Nas festas de réveillon do estado do Espírito Santo, por exemplo, é comum ver jovens e adultos reunidos com amigos, festejando e se embriagando pelas ruas ou em eventos particulares. Os momentos — eu sei — são alegres e prazerosos, porque as obras da carne seguem a todo vapor nesses ambientes.

    E o apóstolo Paulo descreve claramente algumas delas em Gálatas 5.19ss:

    Prostituição

    Ato ou efeito de prostituir-se; entregar-se à devassidão; desmoralizar; corromper. [1]

    A prostituição tornou-se uma cultura dominante não apenas no Espírito Santo, mas em todo o Brasil. O famoso “ficar” — relações sexuais sem qualquer compromisso conjugal — é incentivado por músicas de funk, axé, pagode, sertanejo e outros ritmos populares que tocam no rádio para crianças, jovens e adultos.

    Com a tecnologia, tudo isso avançou ainda mais: aplicativos de relacionamento funcionam como verdadeiros “menus” de homens e mulheres. Basta escolher, conversar, encontrar, relacionar-se… e repetir o ciclo no dia seguinte. O velho paradigma da pessoa sexualmente devassa tornou-se obsoleto. A liberdade sexual promovida pela mídia transformou o sexo sem compromisso em uma via de fácil acesso para todos.

    Impureza

    Qualidade do que é impuro; aquilo que perturba a pureza; corrupção sexual. [2]

    Hoje, dizer que o ato sexual é reservado para marido e mulher tornou-se motivo de piada em uma mesa de bar. E afirmar que o sexo foi criado para o prazer mútuo entre homem e mulher, exclusivamente dentro do casamento, pode até ser considerado um “crime” (homofobia), segundo a visão distorcida da pós-modernidade.

    Casas de swing expõem a impureza conjugal às claras, com casais trocando parceiros como quem troca figurinhas.

    Além disso, a crescente pluralidade de identidades sexuais — crossdresser, drag queen, drag king, pansexual, transexual e tantas outras — reforça, de forma meticulosa, o sentido bíblico de impureza: alterar aquilo que Deus estabeleceu. Na sociedade atual, tudo isso é chamado de normal. Tudo é relativo.

    Lascívia

    Conduta vergonhosa, sensualidade, libertinagem, luxúria (Mc 7.22; Gl 5.19). [3]

    Assim como as obras citadas acima, a lascívia governa a nossa sociedade. Basta sair às ruas: o apelo sensual é gritante. Milhões de mulheres — de todas as idades — usam shorts, saias e vestidos curtíssimos, decotes profundos e todo tipo de vestimenta que exalta a sensualidade.

    As justificativas são conhecidas:

    “Uso porque me sinto bem.”
    “Uso porque é confortável.”

    Mas sabemos que, na maioria das vezes, essa não é a real motivação.

    Nas redes sociais, a sensualidade ganhou palco e iluminação. Buscando elogios, prestígio e status, muitas mulheres expõem seus corpos para acumular curtidas e visualizações. Talvez isso fosse apenas um problema moral, se não fosse o fato de muitas dessas mulheres serem menores de idade. Pense nisso.

    O pecado não dói na hora

    A história de Davi, em 2 Samuel 11, exemplifica isso perfeitamente.

    Num dia em que deveria estar em guerra, Davi ficou em casa. Do alto do palácio, viu Bate-Seba tomando banho. Mesmo sabendo que ela era esposa de Urias — seu servo leal — Davi enviou mensageiros, trouxe a mulher e adulterou com ela. Ele a engravidou. E, para encobrir o adultério, planejou a morte de Urias.

    Enquanto estavam juntos na cama, a alegria temporária estava presente. O prazer carnal foi intenso. Mas as consequências foram devastadoras.

    1. Vergonha – Deus revela o pecado

    Não há nada pior para um pecador do que ter seu pecado oculto exposto à luz. A vergonha pública é dolorosa. Deus não permite que pecados escondidos permaneçam ocultos para sempre.

    Davi também experimentou vergonha quando soube que seu filho Absalão se deitava com suas mulheres diante de todo o povo (2Sm 16.21–22).

    2. Desordem familiar — um abismo chama outro abismo

    A família de Davi mergulhou em tribulações:

    • seu filho com Bate-Seba morreu (2Sm 12.15–23);
    • Amnom violentou sua irmã Tamar (2Sm 13.1–14);
    • Absalão matou Amnom para vingar Tamar (2Sm 13.23–29).

    Como bem disse o comentarista:

    “Quando não vivemos uma vida digna do Deus a quem servimos, a primeira atingida é a nossa família… Seremos para nossos filhos exemplos para o bem ou para o mal.” [4]


    As consequências do prazer pecaminoso

    Uma pessoa não guiada pelo Espírito Santo é facilmente arrastada pelas obras da carne. As características deste fruto são:

    1. Casamentos desfeitos
    2. Famílias destruídas
    3. Adultério
    4. Suicídio
    5. Depressão
    6. Gravidez indesejada
    7. Homicídios
    8. Doenças sexualmente transmissíveis
    9. Traumas emocionais
    10. Morte espiritual


    Toda alegria do pecado termina em dor, vergonha e destruição.

    Por isso, clamo a Deus por um avivamento pessoal no Espírito Santo — começando por mim. Se eu realmente tivesse o “livre-arbítrio” que muitos defendem, eu escolheria jamais pecar e encorajaria meus entes queridos a serem “espertos” como eu. Mas toda honra e toda glória pertencem ao Senhor.

    Que sejamos lavados no sangue de Jesus, perdoados de nossas iniquidades e preservados do dia da ira. Que busquemos ao Senhor enquanto se pode achar e o invoquemos enquanto está perto, pois na sepultura não há esperança para os condenados.

    Uma antiga canção reflete a atual realidade

    “Eu comparo a vida do homem sem Deus
    Como uma folha seca caída no chão.

    Que vai para onde o vento levar,
    Tudo é tristeza, tudo é solidão.

    Seu viver é triste, tão cheio de dor,
    Seus dias turbados, sem consolação.

    Assim é a vida do homem sem Deus,
    É uma folha seca caída no chão.”
    — Jair Pires


    A folha seca é levada pelo vento, sem direção nem destino. Mas o crente em Cristo tem um alvo. E é para Ele que devemos caminhar — só assim encontraremos a plena, verdadeira e desejada felicidade.

    “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”
    (Filipenses 3.14)




    Referências Bibliográficas

    [1] AURÉLIO, Antônio. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. v. 5.0. Windows: editora Aurélio, s.d.

    [2] SILVA, Claudemir Pedroso da. Dicionário e Estudos Bíblico. Vitória: Editora PAE, s.d.

    [3] Ibid.

    [4] IBVIR. As consequências do pecado de Davi. Disponível em: http://www.ibvir.com.br/sermoes/davi_consequencias_do_pecado_de.htm. Acesso em: 22 dez. 2025.

    Este texto foi publicado originalmente em juliocelestino.com em 08 de julho de 2017

  • PALAVRAS TAMBÉM MATAM

    JESUS E O ASSASSÍNIO


    “Aquele que lhe disser: tolo, será réu do fogo do inferno”
    Mateus 5.22


    No dia 20/02/2017, estudávamos o livro de Provérbios em um curso de teologia em uma igreja do bairro Resistência em Vitória/ES, e o tema central da exposição foi Provérbios 1.7, que afirma:

    “O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução”.


    À primeira vista, surge uma aparente contradição quando comparamos esse texto com a declaração de Jesus em Mateus 5.22:

    “…e aquele que lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno”.


    Diante disso, surge a dúvida: se uma pessoa chamar alguém de tolo, insensato ou louco, ela perderá a salvação?

    Essa linguagem não aparece apenas em Mateus 5.22, mas em diversas outras passagens do Novo Testamento. A seguir, alguns exemplos — observando que foram utilizados apenas textos em que aparece a palavra grega usada em Mateus 5.22 para “tolo”, a saber, morós ou moré:

    • Mateus 7.26 – “E aquele que ouve estas minhas palavras e não as cumpre compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.”
    • Mateus 23.17 – “Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro ou o templo que santifica o ouro?”
    • Mateus 25.2 – “Cinco delas eram prudentes, e cinco loucas.”
    • 1 Coríntios 1.27 – “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias…”
    • 2 Timóteo 2.23 – “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas.”
    • Tito 3.9 – “Mas evita questões loucas, genealogias, contendas e debates acerca da lei…”



    Assassínio – A mensagem de Mateus 5.21–22

    “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.”


    Nesta passagem, Jesus ensina uma lição profunda acerca do sexto mandamento. Ele inicia dizendo “ouviste” porque a maioria das pessoas presentes no Sermão do Monte não sabia ler. Mesmo entre os que sabiam, as Escrituras não eram acessíveis ao povo comum. Assim, o conhecimento bíblico vinha principalmente pela leitura pública nas sinagogas e pela exposição dos escribas.

    Jesus prossegue dizendo:

    “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.”


    A palavra “Raca” é um termo de desprezo, originado no orgulho. Salomão chama esse tipo de pessoa de zombador:

    “Zombador é o seu nome, o soberbo e presumido” (Pv 21.24).


    Trata-se de alguém que desdenha do irmão, equiparando-o a algo vil, indigno — quase como um cão.

    Já a palavra “louco” (aqui, moré, do grego μωρέ) expressa rancor e ódio. Não descreve apenas alguém comum ou ignorante, mas alguém considerado moralmente reprovável, indigno de amor e de honra — “homem iníquo, réprobo”.

    Matthew Henry observa corretamente que Jesus ensina que o uso de linguagem ultrajante contra o irmão constitui um assassinato pela língua. Quando tais palavras são usadas com moderação e boa intenção — para corrigir, advertir ou expor a vaidade e a tolice — não são pecaminosas. Por isso, Tiago diz:

    “Ó homem vão” (Tg 2.20),
    Paulo afirma:
    “Insensato!” (1Co 15.36),
    e o próprio Cristo declara:
    “Ó néscios e tardos de coração” (Lc 24.25).


    Entretanto, quando essa linguagem nasce da ira interior e da maldade do coração, ela se torna a fumaça do fogo que arde no inferno, enquadrando-se na mesma gravidade moral.

    Em suma, para Jesus, a atitude de ira contra o irmão é um pecado gravíssimo — tão sério que merece o mesmo juízo associado ao assassínio. As palavras amargas são como flechas que ferem mortalmente (Sl 64.3).

    Quem se encoleriza corre o risco do juízo; quem chama o irmão de “Raca” se expõe ao conselho; mas quem o chama de “louco”, no sentido de pessoa profana e condenável, coloca-se em perigo do fogo do inferno — o mesmo destino que deseja ao outro.

    Por isso, diante da ira, o caminho cristão é a reconciliação. O amor e a caridade são o ápice da vida daquele que está em Cristo. Jesus conclui dizendo:

    “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão; e depois vem e apresenta a tua oferta.”
    (Mateus 5.23–24)




    Referências bibliográficas (ABNT)

    BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução João Ferreira de Almeida Fiel.
    Disponível em edições impressas diversas.

    STRONG, James. Dicionário Bíblico Strong.
    Rio de Janeiro: CPAD, s.d.

    HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry.
    Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, s.d., p. 52–53.

    CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado.
    Vol. 1. São Paulo: Hagnos, s.d., p. 310–311.



    Este texto foi publicado originalmente em juliocelestino.com em 23 de fevereiro de 2017

  • O QUE ACONTECE APÓS A MORTE?


    Decidi colocar este diagrama em pauta por causa de um problema que vem crescendo entre ouvintes pentecostais e reformados de Vitória/ES, que passaram a acompanhar a rádio Novo Tempo (suspeito que por falta de opção). A emissora, como se sabe, é um órgão da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Diariamente, nesse meio de comunicação, ensina-se que nós somos uma alma e que, quando alguém morre, simplesmente “dorme”, entrando em um estado de inconsciência semelhante ao que existia antes do próprio nascimento.

    Segundo essa doutrina, a pessoa que dorme só despertará quando Jesus voltar. Depois disso, os salvos viverão eternamente, enquanto os condenados sofrerão por um determinado período de tempo (?) e, em seguida, deixarão de existir — desta vez, de forma definitiva e eterna.

    Concordo com a avaliação de R. C. Sproul ao afirmar que a doutrina do sono da alma representa um afastamento do cristianismo histórico e ortodoxo. Embora essa posição ainda exista no meio cristão, ela sempre ocupou um lugar minoritário. A compreensão tradicional da Igreja, desde os primeiros séculos, é conhecida como estado intermediário. Segundo esse entendimento, no momento da morte a alma do crente é imediatamente conduzida à presença de Cristo, onde passa a experimentar uma existência pessoal, contínua e consciente, enquanto aguarda a ressurreição final do corpo.

    Esse ensino não é uma construção tardia, mas uma doutrina bíblica e histórica, sustentada pelos pais da Igreja e reafirmada pelos reformadores do século XVI.



    Este texto foi publicado originalmente em juliocelestino.com em 2 de fevereiro de 2017